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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Cadê o De Gaulle ( Uma nação envergonhada dos seus políticos e das suas mazelas está inteira nas ruas )

Fonte : O Globo

"O “Journal du Dimanche” de Paris de domingo trazia uma entrevista com Daniel Cohn-Bendit, um dos lideres da sublevação popular que quase derrubou o governo francês em maio de 1968 e que continua atuando, como ativista e analista político, com o nome que conquistou naquela primavera. Não é mais o irreverente Dani Vermelho de 45 anos atrás, mas ainda é o remanescente mais notório daquela geração que fez o então presidente de Gaulle pensar em largar tudo e se mandar. Só mais tarde ficou-se sabendo como o velho general chegara mesmo perto de renunciar. De Gaulle não era a única causa da revolta que começou com os estudantes e empolgou Paris, mas era um símbolo de tudo que os revoltosos não queriam mais. Se maio de 68 não sabia definir bem seus objetivos, pelo menos tinha um ícone vivo contra o qual concentrar seu fogo. Um conveniente símbolo com dois metros de altura, um nariz dominador e a empáfia correspondente.
A chamada de capa para a entrevista de Cohn-Bendit era “Um perfume de Maio de 68” e a matéria fazia uma comparação mais ou menos óbvia do que acontece no Brasil com o que acontece na Turquia e o que aconteceu nas recentes “primaveras” árabes e em 68 em Paris. Óbvia e inexata. Nos países árabes a rua derrubou ditadores, na Turquia a revolta é, em parte, contra um governo autocrático e inclui, como complicadora, a luta antiga pela hegemonia religiosa. E, diferente do maio de Paris, a combustão instantânea no Brasil ainda não produziu seus Cohn-Bendits nem tem um De Gaulle conveniente como um símbolo que resuma o que se é contra. Ser contra tudo que está errado despersonaliza o protesto. Qual é a cara de tudo que está errado? No Brasil tanta coisa está errada há tanto tempo que qualquer figura, atual ou histórica, serve como símbolo da nossa desarrumação intolerável, na falta de um de Gaulle. Renan Calheiros ou Pedro Álvares Cabral.
Na sua entrevista, forçando um pouco a cronologia, Cohn-Bendit diz que 68 foi o preâmbulo de 81, quando a esquerda chegou ao poder na França. Junho de 2013 será o preâmbulo de exatamente o quê, no Brasil? Aqui a esquerda, ou algo que se define como tal, já está no poder. O que vem agora? O Marx tem uma frase: se uma nação inteira pudesse sentir vergonha, seria como um leão preparando seu bote. Uma nação envergonhada dos seus políticos e das suas mazelas está inteira nas ruas. Resta saber para que lado será o bote desse leão.
Tempos interessantes, tempos interessantes."
Luis Fernando Verissimo é escritor

Um dia mais no futuro o País ( e ai tudo que há dentro dele ), entenderá o significado de todas estas manifestações que se espalharam pela nossa Terra.
A questão está longe de ser por causa de R$ 0,20 . É muito mais que isso, mais poucos entenderam ainda.

Saúde e Paz !! 




segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Direita também tem voz sobre os movimentos das últimas semanas.

Segue abaixo a posição do Jornal O Globo, através de um de seus articulista o jornalista Merval Pereira

" A decisão do Movimento Passe Livre de não convocar novas manifestações por que “grupos conservadores” infiltraram-se nos últimos atos serve para retirar a máscara desse movimento, que começou o protesto contra o aumento do preço das passagens de ônibus como se fosse apartidário, com foco específico na melhoria dos transportes públicos – com a utopia de alcançar o transporte gratuito como política de governo – e acabou se revelando o que sempre foi: uma organização política ligada a movimentos de esquerda radical, que tem uma pauta muito além da melhoria dos transportes públicos.
Acontece que essa pauta esquerdista, que abrange desde a reforma agrária à reforma do “latifúndio urbano” e o controle social da mídia, nada tem a ver com a da grande maioria das centenas de milhares de pessoas que saíram às ruas nas principais cidades e capitais brasileiras. O que o movimento chama de agenda “conservadora” nada mais é do que a reivindicação de melhorias no dia a dia da população, que seriam alcançadas com o combate à corrupção em seus vários níveis.Variações sobre o mesmo tema, como a rejeição aos partidos políticos tradicionais e o protesto contra a PEC 37 que limita a ação investigativa do Ministério Público, acabaram prevalecendo nas manifestações, que pareciam espontâneas, e na verdade estavam sendo manipuladas por movimentos de cunho esquerdista como o Passe Livre
Com o que eles não contavam é que o protesto contra o aumento dos ônibus serviria para detonar uma manifestação mais ampla correspondente ao estado de indignação da população, mais especialmente da nova classe média das periferias das grandes cidades.
Entre os diversos temas que saíram para as ruas depois de aberta a Caixa de Pandora está justamente a insegurança pública, e a questão da redução da maioridade penal surgiu espontaneamente como uma das reivindicações. O que o Movimento do Passe Livre vê como uma agenda “retrógrada”, boa parte da sociedade vê como medidas a serem tomadas para que a vida das pessoas melhore.
Na nota oficial do MPL, está revelado claramente o DNA de sua atuação: “Essa é uma defesa histórica das organizações de esquerda, e é dessa história que o MPL faz parte e é fruto”. Não se ouviu até hoje uma crítica dos integrantes desse e de outros movimentos envolvidos nas manifestações contra os baderneiros que aproveitaram as manifestações para atos de vandalismo.
Mas o MPL repudiou em sua “nota oficial” “os atos de violência” contra os partidos de esquerda que tentaram participar das manifestações, e também “a violência policial”. A rejeição aos partidos políticos e ao vandalismo foi, portanto, uma ação espontânea de participantes das manifestações e revela um traço característico da classe média, a busca de um ambiente de ordem.
O que o Movimento pelo Passe Livre disse de maneira indireta, a filósofa Marilena Chauí, uma das intelectuais orgânicas do petismo, disse com todas as letras na seguinte análise sobre a classe média, na presença do ex-presidente Lula, em evento comemorativo dos 10 anos do PT no poder: “A classe média é o atraso de vida, (...) é estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista”.
No desdobramento de sua palestra, Marilena Chauí foi adiante: “A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista, uma abominação ética, porque ela é violenta, e uma abominação cognitiva, porque é ignorante”.
Essa leitura radicalizada dos movimentos sociais não tem guarida, pelo menos até o momento, na visão do Palácio do Planalto que, ao contrário, mostra-se sensível aos anseios da classe média e reage com os mesmo sentimentos de desejo de ordem nas manifestações. A presidente Dilma, no seu pronunciamento de sexta-feira, assumiu essa crítica aos arruaceiros, colocando-se ao lado da maioria da população, que quer mudanças em paz e ordem."

Como este Blog se pretende imparcial, sempre que possível, publicaremos as versões de tantas partes quanto houverem.Amém !!!

sábado, 22 de junho de 2013

Porque o Povo está nas Ruas ?? Então saiba aqui neste artigo da CNN.

O que vcs acham?

CNN diz o que realmente está por trás das manifestações no Brasil
Guilherme Almeida
Para quem não sabe o que está acontecendo no Brasil, este é um texto traduzido da CNN Americana:
“Os protestos que vêm ocorrendo no Brasil vão além do aumento de R$ 0,20 na tarifa dos transportes públicos.
O Brasil está experimentando atualmente um colapso generalizado em sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e as taxas impostos são extremamente altas. Os brasileiros não veem razão para uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza tão altamente taxada. Nas capitais, as pessoas perdem até quatro horas por dia no tráfego, seja em automóveis ou no transporte público lotado que é realmente de baixíssima qualidade.
O governo brasileiro tem tomado medidas remediadoras para controlar a inflação apenas mexendo nas taxas e ainda não percebeu que o paradigma precisa compreender uma aproximação mais focada na infraestrutura. Ao mesmo tempo, o governo está reproduzindo em escala menor o que a Argentina fez há algum tempo atrás: evitando austeridade e proporcionando um aumento com base em interesses da taxa Selic, o que está levando à inflação alta e baixo crescimento.
Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que estão sendo julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção da história do Brasil finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter o julgamento usando de manobras através de emendas constitucionais inacreditáveis: uma, o PEC 37, que aniquilará os poderes investigativos dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação inteiramente à Polícia Federal. Mais, outra proposta busca submeter as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes.
Estas são, de fato, a revolta dos brasileiros.
Os protestos não são movimentos meramente isolados, unificados ou badernas de extrema esquerda, como parte da imprensa brasileira afirma. Não é uma rebelião adolescente. É o levante da porção mais intelectualizada da sociedade que deseja pôr fim a esses problemas brasileiros. A classe média jovem, que sempre se mostrou insatisfeita com o esquecimento político, agora “despertou” – na palavra dos manifestantes.”

PEC 37 _ O que está por trás dela ???

"PEC-37 é a sigla de Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, que recentemente foi aprovada pela Câmara dos Deputados e está prestes a ser apreciada pelo Senado. A Emenda simplesmente tira do Ministério Público a competência para investigar crimes e atribui esta função exclusivamente às policias Federal e Civil. Os promotores e procuradores de justiça destacam o prejuízo à sociedade com a aprovação desta Emenda, pois aumenta a insegurança social e a impunidade dos criminosos, contrariando os interesses da sociedade. 

O procurador-geral de justiça do Ministério Público do Rio Grande do Norte vai mais além e classifica essa Emenda como um deboche à democracia e à sociedade. Ela já é, inclusive, chamada de PEC da Insensatez e PEC da Impunidade. Nenhum país democrático faz isto, e descartar o Ministério Público é um sério passo contra a democracia. A quem interessa que o Ministério Público não investigue? Seguramente a todos que não querem ver o país combater a impunidade e a corrupção. A corrupção descarada estimula o conceito de que o Brasil não tem jeito. O conceito errado de que sempre foi assim desde a época do descobrimento e vai continuar desta forma, pois isto já faz parte do nosso meio. 

Devemos nos lembrar do caso Celso Daniel, em que a Polícia Civil concluiu de forma leviana e prematura as investigações, alegando um sequestro comum seguido de morte. As investigações foram retomadas a pedido do Ministério Público, que acabou chamando para si a responsabilidade da investigação criminal em face de tantos erros observados. Não fosse desta forma, o caso estaria encerrado, como outros tantos. Para o procurador-geral de justiça, o Ministério Público nunca teve a intenção de usurpar as funções da polícia, muito pelo contrário, sendo a maioria das investigações feitas em parceria com as próprias polícias. Com esta mudança, o famigerado mensalão não existiria, pois na sua base estão investigações feitas pelo Ministério Público.

No momento em que o Brasil assiste ao fim da impunidade de pessoas diretamente ligadas ao poder, uma emenda deste tipo é imoral e prejudicial ao futuro do país. E ela vem caminhando rapidamente e sem o barulho que deveríamos esperar por todos os setores da sociedade. Ela caminha na calada da noite, sem destaque nos jornais e sem esclarecimentos aos brasileiros, que talvez nem saibam de sua existência. Da mesma forma, a quem interessa que essa emenda passe despercebida? Será que a criminalidade no Brasil é tão baixa que podemos nos dar ao luxo de proibir o Ministério Público e outros órgãos conceituados de exercer uma investigação? Acredito que essa não é a opinião do povo. 

O senador Pedro Taques (PDT-MT), no final de novembro, manifestou sua posição contrária a essa PEC-37 e a chamou de atentado ao Estado Democrático de Direito. É isto que queremos para nosso país? "

domingo, 16 de junho de 2013

‘Podemos ser qualquer pessoa’, diz organizadora de movimento

SÃO PAULO — Quando O GLOBO pediu à estudante de Geografia da USP e garçonete Mayara Vivian, de 23 anos, uma entrevista sobre sua atuação no Movimento Passe Livre (MPL), ela propôs um acordo: não queria que o texto fosse focado em seu perfil, mas no grupo que representa.
— Podemos ser qualquer pessoa, são as posições políticas do movimento que constroem as coisas desse jeito. Uma pessoa, sozinha, não faz uma manifestação — diz a jovem, destinatária final das mensagens pelo telefone que definiam para que lado os atos que pararam São Paulo pela redução da tarifa do transporte deveriam seguir.
Em contato direto com o negociador do MPL que fica sempre junto ao comando da polícia, Mayara não gosta de ser tratada como líder e lembra que, por princípio, as funções no MPL não são fixas, para evitar o que chamou de “alienação das funções”, conceito que está na boca do grupo:
— Uma coisa é você ser referência, outra coisa é você ser liderança. Não tô nem um pouco a fim de liderar alguém. As pessoas se apropriam da luta delas, o que é o correto, não precisam ficar esperando alguém dizer o que fazer — diz a jovem, citando uma característica que explica a dinâmica dos protestos em São Paulo, na medida em que permite a auto-organização dos manifestantes a cada tentativa de repressão e dispersão dos grupos.
Na última sexta-feira, ela se sentia sortuda por não ter sido presa ou ter se ferido no ataque de bombas de gás e tiros de borracha da polícia, que havia reprimido a quarta manifestação do grupo no centro da cidade no dia anterior. No bar onde trabalha, na Vila Madalena, dividia o tempo entre o atendimento aos clientes e rápidas checagens no telefone, que não parava de tocar.
—A gente tá gastando uma fortuna de crédito de telefone, todo mundo fica me ligando e não consigo retornar, tenho que ligar a cobrar — contou, entre uma ligação do senador Eduardo Suplicy (preocupado com a dimensão tomada pelos protestos do grupo) e um convite para participar do programa “Encontro com Fátima Bernardes” (ela declinou).
O núcleo duro de organização do MPL conta com jovens de mesmo perfil de Mayara — são estudantes ou ex-estudantes da USP, da área de Ciências Humanas, entre 18 e 30 anos. Mas, para ela, quem está nas ruas não é apenas o movimento.
— As 20 mil pessoas que estão ali são estudantes, trabalhadores, pessoas que estão desempregadas, que apostam nessa luta como uma forma de ter uma cidade mais justa e alcançar seus direitos — argumenta a jovem, que é paulistana, saiu de casa aos 15 anos, traz no corpo cicatrizes de confrontos com a polícia em manifestações anteriores do MPL e um número indefinido de tatuagens (“após a quinta a gente para de contar”).
E quem comete os atos de violência em protestos liderados pelo MPL?
— O movimento não é violento. Existem atos isolados de violência e eles não nos representam — afirma Mayara, que acredita instigar na sociedade o desejo de apoio ao lado mais fraco no momento em que a polícia reprime as manifestações.
— Qual violência é pior? Os jovens assassinados na periferia de São Paulo que ninguém está nem aí? Ou uma pessoa que bota fogo em um saco de lixo indignado por ter levado pancada da polícia? — pergunta a jovem, que compara os atos de São Paulo a eventos como a Primavera Árabe e a luta por direitos trabalhistas, “por interferir nos interesses de pessoas que têm poder”.



Fonte : O Globo